Diariamente eu recebo questionamentos sobre qual o teste laboratorial devemos recorrer em um caso suspeito de COVID-19.
As principais dúvidas são: o que diferencia um teste do outro e em qual situação que devemos utilizá-los. De uma forma muito simplificada, antígenos são moléculas presentes nos patógenos capazes de desencadear uma resposta do organismo, produzindo anticorpos. Ah, e antes de mais nada, anticorpos são glicoproteínas e não são células! Mais conhecidas como imunoglobulinas são capazes de reconhecer um antígeno, sinalizar a sua presença e neutralizá-lo! A presença delas no nosso sangue pode ser utilizada para diagnosticar inúmeras doenças. Logo a seguir discutiremos sobre essa temática tão interessante, mas com inúmeros vieses.
Os testes sorológicos, assim como são chamados, têm várias finalidades, dentre elas, servem para identificar ou quantificar, a produção de anticorpos do nosso organismo em relação a um agente agressor. A partir deles podemos saber se a infecção é recente ou antiga.
A IgM, ou imunoglobulina M, é o primeiro anticorpo a aparecer no sangue quando um agente infeccioso ataca o nosso organismo. De uma forma geral, dependendo do patógeno, a IgM começa a ser produzida cerca de 7 a 14 dias (podendo variar) após o início dos sintomas. A presença dessa imunoglobulina no organismo, em tese, é relativamente curta, mas em se falando da COVID-19, tudo pode acontecer. Já vi exames de pacientes com IgM alta depois de 5 meses do início dos sintomas.
Ué, mas não é um anticorpo de fase aguda, que desaparece rápido? Eu repito, em se falando de COVID-19 nada é tão óbvio assim.
Já a IgG, ou imunoglobulina G, é o anticorpo produzido na fase mais tardia da infecção e normalmente permanece. Se eu sou exposto a um agente agressor novamente, a IgG está preparada para reconhecer o antígeno, daí a infecção pode não acontecer ou acontecer de forma mais branda. É considerado um anticorpo de memória, pois protege nosso organismo de invasões futuras, sendo também a principal imunoglobulina induzida pela vacinação. No caso da COVID-19, já está bem estabelecido que a reinfecção é possível, podendo o indivíduo pegar covid mais de uma vez.
Mas para o que então o teste sorológico seria utilizado? A finalidade seria para saber se uma pessoa já teve contato com o vírus ou para triagem epidemiológica.
Mas por que essa limitação em relação ao COVID-19? Por conta de inúmeras possibilidades e variações em relação a interpretação deste exame como vimos anteriormente.
E os testes de antígeno?
Os antígenos virais podem ser usados como marcadores diagnósticos para detectar o estado atual da infecção de um indivíduo. Os testes rápidos, como ficaram conhecidos, são imunoensaios usados para detectar a presença de proteínas (antígeno) específicas destes patógenos em amostras biológicas. Essas proteínas virais, além de desencadearem uma resposta imunológica, são utilizadas pelo vírus para se ligar e se multiplicar na célula do hospedeiro.
No caso do Sars-Cov-2, em sua estrutura encontramos duas proteínas imunogênicas (capazes de gerar produção de anticorpos): a do nucleocapsídeo, denominada N, que regula a replicação viral, e a spike (S), encontrada na superfície do envelope viral (com subunidades S1 e S2), que permite a entrada do vírus na célula.
Os testes de antígenos mais específicos devem fazer a detecção simultânea das proteínas N e S ou das suas subunidades, aumentando consideravelmente a sensibilidade e a eficácia do teste. Logo, se existe proteína do Sars-Cov-2 na amostra, indica a presença do vírus. Mas lembre-se que são efetivos para detecção do vírus , quando usados na fase ativa da doença, possuindo maior assertividade entre o 1º e 10º dia de contágio.
O teste rápido é indicado para:
● Indivíduos que começaram a apresentar os sintomas
● Indivíduos que entraram em contato com pessoas diagnosticadas como positivas para COVID-19;
● Para quem esteve recentemente em ambientes de maior exposição;
● Para pessoas que possuem contato direto com outras do grupo de risco;
● Para fazer o monitoramento de ambientes e locais com maior concentração de pessoas, como escritórios ou eventos presenciais, etc.
Cada tipo de exame usado para detectar o coronavírus tem suas vantagens e desvantagens, por isso cabe ao profissional estar atento às circunstâncias em que eles devem ser aplicados e como interpretá-los.
AUTORA: Andreza Patricia Marinho de Souza Martins